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Parque Buenos Ayres – onde bate nosso coração

Buenos Aires – claro que todo mundo conhece a capital da Argentina. Mas,  por que  mesmo, o seu laboratório de manipulação tem esse nome???

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Acertou quem respondeu que é por causa do Parque Buenos Aires – um patrimônio do bairro paulistano de Higienópolis e que reflete a alma e coração dos seus moradores.

Porque foi ali, na Rua Alagoas, número 493, bem em frente  da entrada lateral do parque, que nossa história começou em 1946. Naquela época o Parque ainda era a Praça Buenos Ayres. Vamos, então, à história dessa praça-parque!

Quando tudo começou

No início do século XX, muitos proprietários de terrenos da região central e em Higienópolis começaram a abrir ruas, avenidas e alamedas. Nesse mesmo período, mais especificamente em 1908, o urbanista Joseph Antoine Bouvard foi convidado a elaborar “um plano de reformas para a centro da cidade de São Paulo,  com espaços livres, praças públicas, squares, jardins e parques

Mirante da Praça Buenos Ayres, com a vista do Vale do Pacaembu (Acervo/Estadão Conteúdo)

Em  1911,  antevendo o aumento da densidade e aglomeramento urbano, Bouvard entrega seu relatório e  aconselha a construção de três parques: o da Várzea do Carmo; o Anhangabaú e a praça Higienopolis como “lugares de passeio para os habitantes, focos de higiene e  bem-estar, necessários à saúde pública, tanto moral quanto física“.

Então em 1912 a Prefeitura comprou o terreno de 25.662m² entre as Ruas Piauí, Alagoas, Bahia e Avenida Angélica para erguer ali um jardim público chamado Praça Higienópolis com inspirações na arquitetura francesa incluindo fontes e esculturas. O relevo do local permitiu até a construção de um mirante, de onde se avistava todo o vale do Pacaembu.

A homenagem  à capital argentina e a troca de nome aconteceu no ano seguinte, em 1913, quando o jardim foi rebatizado para Praça Buenos Ayres como uma homenagem aos representantes daquele país que visitaram a cidade em 1913.

Observatório – imagem de 1933

O coração da praça

A ampliação das redes de iluminação públicas na década de 1940 fez a praça crescer em popularidade, famílias, casais e crianças passaram a desfrutar da praça do entardecer até a noite.

Ali, na parte mais alta do parque foi construído um mirante de onde se observava toda a extensão do Vale do Pacaembu, com um rio que descia a céu aberto na direção do Tietê.

No  início da década de 1930 recebeu um telescópio e passou a sediar aulas de mecânica celeste da Escola Politécnica, da Universidade de São Paulo (USP).

O crescimento da cidade e as luzes da iluminação urbana passaram a comprometer a visibilidade no observatório, que acabou sendo desativado e demolido em 1968. No seu lugar foi colocada a escultura Mãe, do  artista plástico Caetano Fraccaroli,  primeira colocada no concurso promovido pelos Diários Associado em 1964 – mas instalada apenas em 1970. 

 

Mãe, obra esculpida em bloco de mármore e instalada onde outrora existiu o mirante – detalhe da obra de Eduardo Bajzek

Homenagem aos 105 anos de história

A praça foi alçada à condição de parque municipal em 1987 e tombado pelo Conpresp em 1992.  Sua vegetação é composta por quaresmeiras, ipê-amarelo, embaúba, falsa-seringueira, pinheiro-bravo, pau-incenso,  jequitibá-rosa e pau-brasil.  Entre as aves que por ali habitam podemos avistar pardais, tico-ticos, sabiás, sanhaços, maritacas, rolinhas e bem-te-vis. 

Porém, mais do que fauna e flora, o parque  reflete o jeito de ser do morador de Higienópolis porque oferece área para apresentações culturais, comedouros para pássaros, playground,  aparelhos para ginástica e área para os queridos pets dos moradores, os cães. Ou apenas um bom momento de relaxamento para quem quiser só observar o movimento, sentar para relaxar, ler um bom livro à sombra de uma árvore ou levar os filhos para um piquenique no gramado.

Detalhe da obra de Eduardo Bajzek

Nós do Laboratório Buenos Ayres acompanhamos boa parte dessa trajetória desde que ali nos instalamos em 1946. Crescemos e precisamos mudar de endereço há alguns anos, para um espaço maior que acomodasse as novas demandas do mercado. Mas nosso coração ainda pulsa ali, sob a sombra das suas árvores frondosas. 

Por isso, resolvemos homenagear esse tão querido parque com lindo painel que reflete um instante de uma manhã ensolarada com seus frequentadores típicos: a mãe passeando com seu filho, um leitor compenetrado acomodado num dos seus bancos de madeira, o passeio com o cãozinho, uma caminhada para desestressar, a pausa para observar a natureza …

Com  8 metros de comprimento, o painel da loja reproduz a obra executada em aquarela sobre papel Arches pelo arquiteto, ilustrador e desenhista urbano Eduardo Bajzek. Ele também é um dos fundadores  da versão nacional do movimento Urban Sketchers, com ação  mundialmente reconhecida reunindo artistas em sessões de desenho ao ar livre com o intuito de registrar a cidade e seu cotidiano e que compartilham suas obras  online junto com a narrativa e as circunstâncias em que os desenhos foram realizados.

Eduardo e sua obra

“Sou um apaixonado por retratar o cotidiano urbano de São Paulo e tenho muito boas lembranças do bairro no qual passei boa parte da adolescência e início da juventude, e onde fiz amigos enquanto estudei no Mackenzie e comecei minha vida profissional. Foi um prazer produzir esse trabalho porque revisitei doces memórias de meus tempos de estudante da faculdade de arquitetura e também quando trabalhei nas imediações da praça.

Abracei essa fantástica ideia do Laboratório Buenos Ayres e torço que floresçam outras iniciativas como essa, para que locais tão queridos como o Parque Buenos Aires possam ser celebrados e registrados por mais artistas que, mais do que produzir imagens, incluem em suas obras suas aspirações, paixões e sentimentos. 

Que venham outras iniciativas como essa”

 

Convite:

Venham conhecer a obra em homenagem ao parque!

Nossa loja, na Rua Sergipe 120, está aberta diariamente das 8 às 20 horas. E aos sábados, das 8 às 13h.

 

Bibliografia:

– Sao Paulo Artes e Etnias, Percival Tirapeli;

– A Arte de tecer o presente: narrativa do Cotidiano; Cremilda Medina

– Parques infantis de São Paulo: lazer como expressão e cidadania ; Carlos Augusto da Costa Niemeyer

Fontes de Consulta:

– Acervo Estadão 

-Blog do historiador Carlos-Fatorelli 

 

 

  

 

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RT: Marisa Marques, CRF 12246